À frente do Sindicato dos Vigilantes do Ceará, o rapaz da periferia, desportista, militante político, defensor das causas da sua categoria e preocupado com a cidade que nasceu, Daniel Borges falou sobre sua trajetória, expectativa da cidade e atual situação do sindicato ao É Notícia.
Daniel Borges nasceu no ano de 1977, é casado, pai de cinco filhos e diz que o que mais deseja nos dias de hoje é passar para seus filhos todos os ensinamentos do bem, que seu pai e sua mãe lhes deram. “Minha mãe e meu pai sempre me ensinaram o correto, bons princípios. Hoje agradeço por tudo que eles fizeram por mim”.
O menino criado no bairro Itaoca, com suas duas irmãs, brincou na rua, recorda com carinho do tempo em que lá viveu e como bairro está hoje, “ainda, tenho parentes que moram no bairro e tenho muitas saudades dos meus tempos de criança, mas fico triste com situação em que o bairro se encontra hoje, abandonado pelo poder público”.
Daniel tem um olhar cuidadoso pela cidade e lembra que em viagens realizadas à Salvador, Maranhão, Recife, Pernambuco o que mais chamou sua atenção foi a parte histórica dessas cidades, preservadas. “Hoje existem duas Fortaleza, uma que aparece na TV, nas propagandas da prefeitura e a outra real que nós conhecemos nas periferias da nossa capital”, completa, “quando se chega a Fortaleza, se percebe casarões históricos, mas que estão abandonados e nossa população não tem ideia do que se trata. Acredito que o poder público poderia fazer pela nossa Fortaleza histórica o que foi feito Passeio Público. A revitalização dos nossos espaços históricos é muito importante.”
Em 1999 filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), dentro do partido se engajou na União da Juventude Socialista (UJS), com isso, o possibilitou conhecer os bairros de Fortaleza e ver de perto as necessidades da população, pela qual ele lutava. Daniel destaca, que ainda hoje, como presidente do sindicato vai muito à preferia e percebe que algumas situações não mudaram, “o que vejo é que em muito lugares o tempo parou. Muitos bairros têm problemas com saneamento, transporte público, violência e vemos a dificuldades do povo da periferia. Acredito, que falta é um olhar com mais cuidadoso pela prefeitura. As praças que são lugares onde devem ser tranquilas, muitas depois de reformadas deveriam receber, pelo menos, um Guarda Municipal para uma devida segurança à população ”.
Movimento Sindical
No ano de 2002 Daniel Borges foi trabalhar como vigilante, se filiou ao sindicato em 2003 e no ano de 2011 lançou uma chapa para concorrer a direção do Sindicato dos Vigilantes, não foi eleito, porém acumulou forças e novos aliados que na eleição seguinte, já em 2014, consagrou-se vitorioso com uma eleição histórica. Colocou o sindicato de volta nas mãos dos trabalhadores.
Ao assumir a presidência do Sindicato, Daniel trabalhava para fazer da entidade um órgão combativo e de representação legítima da categoria, além de fazer com que os trabalhadores aceitem o chamamento do Sindicato para se associarem e nesse período de dois anos, a entidade teve 100% de crescimento no numero de sindicalizados. “Quando cheguei ao Sindicato, tínhamos duas folhas de pagamento e vale alimentação em atraso, não tínhamos carros, não tínhamos carro de som para fortalecer a luta, nem consultório odontológico e hoje nossa situação é bem diferente. Quando chegamos nós tínhamos 3.400 sócios, hoje nós temos mais 8 mil sócios em dois anos de gestão”, destaca.
O presidente adverte ainda, que a luta é diária para unir a categoria, fazer com que a população saiba da importância desses trabalhadores, além de fazer um sindicato que todos possam usufruir. “Fico orgulhoso, em dizer quem em dois anos de muita luta nesse sindicato, nós conseguimos revitalizá-lo. Hoje, as famílias utilizam nossos serviços, nosso jurídico que antes era apenas na capital, agora, está presente em Juazeiro do Norte e Sobral para dar suporte aos nossos companheiros. Esses avanços me deixam motivado para continuar o trabalho e lutar ainda mais”, ressalta.
Sobre o Sindicato
Esse ano, a categoria aprovou, em janeiro, o fechamento da Campanha com os seguintes benefícios:
* Reajuste do piso salarial para 2016 em 11,28%, o que resulta em R$ 1.132,59;
* Vale alimentação será de R$ 14,00. Este valor equivale a um reajuste de 39%. Isso nunca aconteceu com o nosso vale. Todos os anos o reajuste do vale alimentação era igual ao reajuste salarial, o que resultava em centavos. E nós não aceitamos mais isso. GRANDE VITÓRIA!
* Adicional de periculosidade teve reajuste igual ao do salário, de 11,28%.
* Auxílio creche para as mulheres vigilantes nos quatro primeiros meses do bebê, no valor de R$ 100,00. Essa foi outra grande vitória, já que cláusulas como essa nunca tinham sido discutidas nas gestões anteriores. Essa é uma forma de contemplar a mulher vigilante que tanto já foi discriminada e esquecida.
*PLANO DE SAÚDE PAGO INTEGRALMENTE PELAS EMPRESAS. A partir de janeiro, as empresas pagarão o plano de saúde do titular integralmente. O trabalhador não terá mais nenhuma despesa.
* As empresas não poderão mais realizar reciclagem aos finais de semana.
* Os trabalhadores que tiverem mais de cinco anos de empresa e menos de um ano para completar o período de aposentadoria, terão estabilidade de 12 meses, ou seja, a empresa não poderá demitir neste período.
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Por Hariádina Salveano