CONEG colocou o golpe no centro do debate e trouxe visões de unidade sobre as saídas para a crise

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A série de vídeos “DIÁLOGO QUE NOS UNE” saiu do YouTube para ocupar o auditório da Universidade Paulista, em São Paulo. O ex-ministro Ciro Gomes; o ex-Advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo; o deputado federal Ivan Valente (PSol-SP) e o representante do Partido Pátria Livre (PPL) Márcio Cabreira compuseram uma acalorada mesa de debates na tarde deste sábado (16) durante o 64º Conselho Nacional de Entidades Gerais.


O tema “saídas para a crise” provocou as ideias dos debatedores que expuseram pontos de vistas para a plateia de estudantes de todo o Brasil inquietos com os ataques à democracia no país.


Foi consenso que a unidade deve pautar os próximos passos das forças progressistas para assim poder barrar o golpe e impedir mais retrocessos.


Conhecido pelo tom ácido com que dispara contra os seus amigos e inimigos, Ciro refletiu: Estamos perdendo a batalha da chama da democracia não só para esse bando de picaretas golpistas, mas para os nossos erros. Precisamos aclarar essa confusão e seguir o rumo da unidade, disse.


Com a alcunha de quem tem rodado o país para denunciar o golpe e os golpistas, Ciro quer um debate mais profundo sobre a nação. “Não temos como afirmar nada sobre o futuro do país. Nós precisamos conversar sobre o Brasil mais profundamente. É preciso iluminar a confusão de maneira que a gente saia do gueto, de falar o nós, para nós mesmos, e celebrar novamente consensos, disse.


Para o ex-governador do Ceará, o principal de tudo isso é começar a discutir um novo modelo de desenvolvimento.


Eu advogo que é o Estado Nacional, recuperado, saneado, restaurado na sua condição de financiamento, o que quer dizer uma batalha política depois da outra. Isso tem a ver com política industrial de comércio exterior, tem a ver com uma política de relações internacionais completamente diferente dessa que está aí. O desenvolvimento que precisa ser criado no Brasil tem a ver com a superação da desigualdade e o investimento em gente, em que o gasto per capita em educação não decline“, pontou.


É GOLPE!


José Eduardo Cardozo, que se destacou na defesa da presidenta Dilma com exposições contundentes e posições jurídicas firmes contra o golpe afirmou que no processo “há uma ilegalidade, há uma ilicitude”. Para ele, diante dessa situação, é uma desobediência à constituição, uma ruptura constitucional e, portanto, um golpe.


Para Cardozo, o governo ilegítimo de Michel Temer nasce com o rompimento democrático. Através de uma situação que é claramente golpista e, além disso, nasce dentro de um projeto conservador negador daquilo que foi aprovado nas urnas nas eleições de 2014, sentenciou.


“Só a Democracia pode gerar forças suficientes para pactuações, para caminhos que façam com que o Brasil venha a ter novos e melhores momentos”, disse Cardozo. E defendeu que, neste momento, é urgente e necessário a esquerda brasileira ter um projeto de unidade. ‘No futuro, teremos que respeitar as nossas divergências para potencializar de fato a unidade e construirmos algo em comum”, disse.


Fonte: CUCA UNE – Fotos: Rebeca Belchior