O novo presidente do PSB do Ceará, deputado Odorico Monteiro, reuniu membro da executiva e a imprensa na sede do partido. O deputado reiterou posição do partido contra o governo de Michel Temer (PMDB) e as reformas trabalhista e da Previdência. Ele rebateu tese de Danilo Forte de que a sigla mudou de opinião. A executiva tem além de Odorico Monteiro como presidente, o empresario Paulo Macedo, (filho do deputado federal Macedo), como vice-presidente, Manoel Lins, na secretaria geral e Messias Moreira secretaria de formação.
O deputado foi convidado para comandar o partido no Ceará, pelo presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. Outros quatro estados também sofreram mudanças.
Para Odorico Monteiro, “a postura do partido é coerente com a sua história, com seus princípios. Eu não estava no partido na negociação do impeachment (de Dilma Rousseff), mas as reformas são drásticas contra a classe trabalhadora”, afirmou Odorico. Para ele, as “tentativas” de “judicializar” a mudança no comando do partido no Ceará “foram negadas na justiça” – o deputado respondeu que ainda há recursos em andamento. Odorico acrescentou que tentou “conversar com Danilo”, que “optou por não querer debater e discutir”, destaca.
Odorico também disse que o deputado federal, que já se manifestou a favor de Temer, deve perder o posto de membro da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara se continuar com a intenção de votar contra a admissibilidade da denúncia contra o peemedebista. “Tem um documento interno de posicionamento da executiva nacional de que fiquem (na CCJ) apenas os deputados que votem a favor”, falou.
O parlamentar, porém, evitou falar das disputas internas e sobre possíveis expulsões. “Dura são as reformas contra o povo”, disse ele ao responder o questionamento se a decisão nacional de expulsar não era um pouco dura.
Sobre o assunto, citou apenas que os questionamentos jurídicos contrários a sua indicação à presidência do PSB, já foram resolvidos. “Nós estamos realinhando o PSB, inclusive, estivemos já em conversa com companheiros históricos que militaram no PSB e tinham se afastado um pouco, o nosso realinhamento está nos trazendo de volta para a base partidária”, frisou ele, destacando que, a partir de agosto, dará início a encontros municipais, que embasarão o encontro nacional da sigla marcado para outubro deste ano.
Além disso, deixou claro que o partido integra a base do governador Camilo Santana (PT) e, portanto, não há mudança neste quesito. Inclusive, lembrou que o secretário de Cidades, Jesualdo Farias, foi indicado pelo PSB. Sobre a postura de Heitor contra o governo Camilo Santana, Odorico disse apenas que o PSB possui “democracia partidária”.
“Caminho natural”
Heitor Férrer, no entanto, mantém a tendência de deixar os quadros do PSB. “Com todo respeito à nova direção do partido, sabemos da estreita ligação do deputado Odorico com o grupo dos Ferreira Gomes e governador Camilo. Com isso, o caminho natural do PSB é ser levado para esse grupo político, via governo, o que torna inviável a minha permanência no partido. Estamos esperando essa fase de turbulência em Brasília passar para conversar com o Odorico e estabelecer nossa conduta”, frisou Férrer ao jornal O Estado.
Adversário antigo do grupo comandado pelo ex-governador Cid Gomes, Heitor deixou o PDT quando ele, os irmãos Ciro e Ivo Gomes e o prefeito Roberto Cláudio ingressaram no partido em 2015. A escolha pelo PSB, à época, foi articulada pelo então presidente da sigla, o deputado federal Danilo Forte. O parlamentar foi destituído do comando da legenda no Estado após votar a favor da Reforma Trabalhista, contrariando a determinação da direção nacional da legenda.