Movimentos de moradia popular de ao menos 22 estados se encontraram ontem, quinta-feira (3), na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região para o 14º Encontro Nacional da União Nacional dos Movimentos por Moradia Popular.
A celebração, que destaca as mais de 50 mil unidades já construídas por meio da União dos Movimentos por Moradia Popular de São Paulo (UMM-SP) em todo o país, também lembra os 30 anos de existência do movimento. Segundo os organizadores, mais de 4 mil pessoas participaram da atividade desta quinta.
A abertura contou com a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e parlamentares do Partido dos Trabalhadores, como o deputado federal Paulo Teixeira e os vereadores Juliana Cardozo e Eduardo Suplicy. Também estava presente o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.
O ex-presidente Lula destacou em sua fala que a União dos Movimentos por Moradia Popular “tem um papel histórico nesse país”, e afirmou que o Brasil tem “uma dívida” com o Movimento. “Enquanto a gente tiver um brasileiro sem um local descente para morar, o Estado brasileiro tem a obrigação de cuidar desse sujeito, e de dar a condição para que ele possa ter a sua casa”, disse.
Lula também lembrou as dificuldades que o “povo pobre” sempre enfrentou com o êxodo rural, as urbanizações e o crescimento das cidades que empurraram a população para as periferias. Segundo ele, “os governantes não tiveram a capacidade de criar moradias para a população”.
“Para resolver o problema habitacional que temos hoje no Brasil, só tem um jeito: é um governo que cumpra a Constituição e que priorize a moradia popular“, disse. “Pobre não quer as coisas de graça, ele quer pagar aquilo que ele pode pagar”, completou o ex-presidente.
Lula também recordou da criação do programa Minha Casa Minha Vida. Ele destacou que, desde o começo, “a ideia era tratar o povo pobre com respeito, era garantir o compromisso da Constituição brasileira, de respeitar o povo. E nada é mais sagrado que o sujeito ter a sua casinha”, afirmou.
Marcha
A abertura do 14º Encontro Nacional da União dos Movimentos por Moradia Popular teve início com uma marcha, que partiu da Praça da Sé, na região central da cidade, e percorreu, durante cerca de duas horas, um trajeto que marca a luta dos movimentos por moradia na cidade de São Paulo.
Os manifestantes passaram pelo prédio da Caixa Econômica Federal, que é responsável por gerir os contratos do programa Minha Casa Minha Vida e pelo prédio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), órgão do governo do Estado, responsável pela gestão de moradia popular. A marcha também passou pela sede da Associação Comercial de São Paulo.
A entidade ingressou recentemente com um pedido, direcionado à prefeitura de São Paulo e ao governo do Estado, para impedir manifestações na rua Boa Vista, onde fica a sua sede, e também o prédio da CDHU. Segundo a entidade, as manifestações trazem prejuízo aos comerciantes da região central de São Paulo.
“Se o prefeito e governador aprovarem esse decreto, nós vamos fazer desobediência civil, que está na nossa Constituição”, afirmou Donizete Fernandes, liderança da União Nacional por Moradia Popular. “A moradia é um direito, assim como o direito de ir e vir e nós não vamos abrir mão”, completou.
Fonte: Brasil de Fato – Por Eduardo Bernardes