Reunião em Brasília debate surto de dengue e zika X microcefalia

34



A Comissão Intergestores Tripartite (CIT) se reuniu nesta quinta-feira (26), na OPAS, em Brasília. Dentre os pontos discutidos, destacaram-se o panorama dos casos de dengue no Brasíl e dados sobre a microcefalia, que possivelmente está associada ao Zika Vírus.


O Secretário de Vigilância em Saúde (SVS), Antônio Carlos Nardi, apresentou os resultados do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), lançado nesta terça-feira (24) que indicou 199 municípios em situação de risco de surto de dengue, chikungunya e zika.


Já o presidento do Conasems lembrou que a luta contra a dengue não é responsabilidade apenas do ministério, estados e municípios. “O direito à saúde que está na constituição não exclui o dever das pessoas e das empresas em fazer a sua parte”. Segundo ele, o modelo para o enfrentamento do mosquito que transmite a dengue está falido. ”Os agentes de endemia vão até as casas, encontram os focos de reprodução do mosquito, avisam o morador, fazem a limpeza, porém, na semana seguinte quando voltam lá, está tudo cheio de água parada novamente”.


Para ele, são necessárias medidas mais drásticas nesse combate. “O maior foco do mosquito é dentro de casa e não na rua. Se começar a mexer no bolso das pessoas e multa-las se não seguirem as recomendações, talvez a situação comece a mudar” e acrescentou “Existem três doenças ligadas a esse mosquito, que está cada vez mais adaptado. Todos já estão cansados de saber o que deve ser feito, é preciso agora ter consciência da responsabilidade”, concluiu.


O secretário executivo do Ministério da Saúde, Agenor Àlvares, também ressaltou a importância da conscientização da população. “Os brasileiros não dão credibilidade às ações de saúde do SUS, as pessoas pensam ‘eu pago imposto, sou mal atendido no hospital e ainda tenho que me preocupar em acabar com o mosquito?’ Isso é o que mais se ouve por aí, precisamos mudar essa ideia de não pertencimento ao problema e que tudo é culpa do governo”.


Agenor afirmou que “O surto dessas doenças não é responsabilidade apenas da Saúde, é responsabilidade de todos e do governo no geral. “Não estamos falando de um mosquito que vai transmitir dengue e o doente vai até o hospital ser tratado, vai muito além, mexe com a economia do país, com o turismo, com a produtividade das pessoas. Acabar com esse mosquito, mais do que nunca, é interesse de todos”, disse.


Em relação a possível ligação entre o Zika Vírus e o surto de microcefalia, especialmente no Nordeste, o diretor financeiro do CONASEMS, Wilames Freire, cearense de Aurora, expos a preocupação com as gestantes. “Já são mais de 700 casos de microcefalia, praticamente todos no Nordeste, as gestantes estão apavoradas e nós, gestores municipais, que trabalhamos diretamente com a população estamos vendo esse drama diariamente sem ter o que dizer para essas mulheres”.


Segundo ele, é necessária uma campanha voltada para as gestantes em relação ao surto de microcefalia. “Nos municípios do Ceará, em Aquiraz, na minha cidade Aurora, estamos sendo bombardeados de perguntas, precisamos ter informações concretas para passar à equipe de saúde, para que essas mulheres sejam orientadas de forma segura”, afirma Wilames.



Forte: portal.conasems.org.br