O PT e o Pragmatismo na eleição da Câmara e do Senado

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É inadmissível que a bancada do PT na Câmara e no Senado leve adiante o propósito, já declarado publicamente por alguns de seus principais expoentes, de se aliar aos artífices do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O discurso que defende a “ocupação de espaço” e a garantia do direito já conquistado pelo partido em relação à proporcionalidade na composição das mesas diretoras das duas casas legislativas, não pode sucumbir toda uma narrativa do golpe que mobilizou milhões de pessoas e que já marcou mais uma página da história de luta em defesa da democracia no nosso país.


Aliar-se ao PSDB e PMDB não se constitui um mero ato pragmático como tantos outros que já vivenciamos e que coloca o nosso partido na vala comum do oportunismo eleitoral. Trata-se de algo muito mais grave. Levar adiante esse propósito significa abandonar a aliança com os movimentos sociais que responderam prontamente ao nosso chamado e saíram ás ruas para defender o nosso governo. Significa, ao mesmo tempo, descaracterizar completamente o discurso de resistência às políticas neoliberais que estão sendo chanceladas na Câmara e no Senado pelos candidatos a presidente Rodrigo Maia e Eunício Oliveira.


Não podemos nos contaminar novamente por erros já cometidos em tempos recentes. Chega do “vale tudo” em troca de cargos e busca de “sobrevivência” eleitoral. Esse é o primeiro teste de coerência que o partido será submetido dentro das duas casas que consumaram um golpe jurídico-institucional e que emplacou o avanço de pautas conservadoras no contexto atual. Devemos, portanto, somar esforços para constituir o bloco de oposição, a ser formado por PT, PDT, PC do B, Psol e Rede como está sendo proposto por Rui Falcão, presidente nacional do PT. Mesmo com remota chance de vitória, esse é o caminho que garante coerência e sinaliza para a recomposição do campo democrático popular para pesada disputa que será travada em 2018.


Acrísio Sena – Vereador do PT de Fortaleza