Maria da Penha sugere criação de centros de referência da mulher no Interior

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A ativista Maria da Penha Fernandes defendeu a criação de centros de referência da mulher, nos municípios menores do interior do Estado, como uma das medidas mais urgentes no combate à violência de gênero. A cobrança foi feita durante o seminário “16 Dias de Ativismo: Direitos, Lutas e Resistências”, na manhã desta segunda-feira (27/11), na Assembleia Legislativa.


O evento faz parte da programação da campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, uma parceria da Casa – por intermédio da Procuradoria Especial da Mulher – com o Governo do Estado – por meio da Coordenadoria de Mulheres -, Câmara Municipal de Fortaleza e Conselho Estadual de Mulheres.


Para Maria da Penha, cujo caso de violência doméstica sofrido por ela inspirou a criação da Lei 11.340/2006, que leva seu nome, muito ainda precisa ser feito, principalmente fora das metrópoles. Ela considerou que as grandes cidades já instituíram suas políticas de proteção à mulher, mas a criação dos centros de referência no Interior se faz necessária, para que “as mulheres possam ser orientadas acerca dos seus direitos”.


Com o aumento de políticas públicas nas grandes cidades, o número de denúncias aumentou, porque agora as mulheres estão se sentindo mais seguras e acreditadas pelas instituições, considerou.


A deputada Augusta Brito (PCdoB), que conduziu a participação dos convidados durante o seminário, informou que, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Maria da Penha, o Ceará ocupa o terceiro lugar em violência contra a mulher entre os estados do Nordeste. Ainda de acordo com o levantamento, a cada 17 minutos uma mulher é vítima de agressão em todo o Brasil.


Para a parlamentar, é muito importante não considerar esse tipo de dado como algo normal, assim como nos incluir nesse processo. Queremos acordar algumas pessoas com esse seminário e reforçar esses números para que percebam a importância da efetivação de mais políticas públicas, defendeu.


A deputada Bethrose (PMB) chamou a atenção para a necessidade de lutar ainda mais. Ela ressaltou que o mais importante e principal objetivo do seminário é a mobilização e a prevenção.Precisamos divulgar o Disque 180, canal para denúncia de violência de gênero, nos 184 municípios cearenses. Precisamos mostrar para todas as mulheres que elas têm nosso apoio e, principalmente, que não tenham vergonha de denunciar, disse.


A coordenadora especial de Políticas Públicas para Mulheres do Gabinete do Governador, Camila da Silva Silveira, afirmou que o Governo do Estado, por meio das suas instituições, está pronto para receber todo tipo de demanda referente ao tema da violência contra a mulher.


As atividades da campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, que são promovidas por diversas entidades e instituições ligadas a essa luta, tiveram início na quinta-feira (23/11) e vão até 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos), tendo como mote ainda o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres, comemorado em 6 de dezembro.


Além da presença de Maria da Penha e de uma apresentação da lei que leva seu nome, participaram do evento Roberta Viergas, coordenadora do Observatório da Mulher contra a Violência e do Comitê pela Promoção da Igualdade de Gênero e Raça do Senado, e Zelma Madeira, coordenadora da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial e professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece).


Também estiveram presentes ao evento, na manhã desta segunda-feira, os deputados federais Chico Lopes (PCdoB-CE) e Gorette Pereira (PR-CE); a vereadora Eliane Gomes (PCdoB); a defensora pública e supervisora do Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher da Defensoria Pública do Estado do Ceará (Nudem), Jeritza Lopes Braga; a coordenadora Especial de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial do Gabinete do Governador, Maria Zélia de Araújo; a pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco e ex-secretária de Estado da Secretaria da Mulher de Pernambuco, Cristina Buarque; o  presidente da Associação dos Municípios do Ceará e prefeito do município de São Benedito, Gadyel Gonçalves de Aguiar; a coordenadora do Observatório da Mulher contra a Violência, Roberta Viegas, e o psicólogo Daniel Costa Lima.



Fonte: Assembleia Legislativa do Ceará