Enquanto Brasil discute fim da escala 6×1, Alemanha testa semana de quatro dias de trabalho

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Um estudo realizado com 45 empresas alemãs pela 4 Day Week Global (4DWG) buscou testar o impacto da implementação da semana de quatro dias de trabalho tanto para a produtividade quanto para o bem-estar dos participantes.

O teste foi iniciado no começo de 2024 e durante seis meses as empresas voluntárias permitiram que seus funcionários trabalhassem menos horas sem redução de salários.

A diferença em relação a outros estudos de semanas de trabalho de quatro dias, que se concentravam em pesquisas com empregadores e funcionários, os pesquisadores da Universidade de Münster adotaram uma abordagem que considerou indicadores da saúde dos participantes.

Em entrevista ao Deutsche Welle, a líder científica do projeto, Julia Backmann, apontou que os funcionários geralmente se sentiam melhor com menos horas e permaneciam tão produtivos quanto eram com uma semana de cinco dias. Em alguns casos, eram até mais produtivos.

Segundo Backmann, dois em cada três funcionários relataram ter menos distrações porque os processos foram otimizados. Mais da metade das empresas reformulou suas reuniões para torná-las menos frequentes e mais curtas, e uma em cada quatro delas adotou novas ferramentas digitais para aumentar a eficiência. Houve ainda uma redução de 42% nas demissões de funcionários e uma queda de 64% no esgotamento.

Sono melhor e menos estresse

Os pesquisadores constataram que os participantes do teste de semana de trabalho de quatro dias estavam dormindo mais do que seus colegas que não participaram do experimento. Os trabalhadores participantes tiveram uma média de 38 minutos a mais de sono e registraram 25 minutos extras de atividade física por semana.

Em relação aos níveis de estresse, medidos por relógios utilizados pelos funcionários, houve uma redução de quase 90 minutos por semana entre os participantes.

Estes indicadores são importantes para uma eventual adoção da semana de trabalho de quatro dias, já que problemas como o esgotamento levam a licenças médicas, um problema no país. O trabalhador alemão tirou, em média, 15 dias de licença médica em 2023 e a maior seguradora de saúde do país, a Techniker Krankenkasse (TK), apontou que os trabalhadores segurados tiraram 19,4 dias de licença médica no ano passado.

Segundo a Associação Alemã de Empresas Farmacêuticas Baseadas em Pesquisa (VFA), os níveis de licenças médicas no país, mais elevados que os do restante da Europa, custaram € 26 bilhões em 2023.

Das empresas que participaram do teste, mais de 70% afirmaram que planejam continuar com o projeto, ou estendendo a fase de teste ou implementando diretamente a redução de jornada.

O fim da escala 6×1 no Brasil

Enquanto a Alemanha e países como o Reino Unido testam a semana de quatro dias, o projeto que propõe a abolição da escala de trabalho 6×1 no Brasil ganha força.

Elaborada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) e encampada na Câmara dos Deputados pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), o texto prossegue na fase de coleta de assinaturas na Casa. Para que seja apresentada, a proposta de emenda à Constituição (PEC) precisa ser ratificada por ao menos 171 deputados ou 27 senadores.

Fonte: Revista Fórum 

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