Em meio à crise, bancos lucram R$ 90,5 bilhões e demitem milhares

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Ao contrário do que divulgam, o setor que mais lucra no país manteve a alta dos juros e tarifas, aumentou as metas dos trabalhadores, fechou cerca de 12 mil vagas de trabalho e reduziu mais de três mil agências, desde 2020, em todo o país

Diante da maior crise sanitária da história, os quatro maiores bancos do país (BB, Bradesco, Itaú e Santander) registraram R$ 90,5 bilhões de lucro líquido em 2021, aumento de 34,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. E acumularam, em dois anos, R$ 157,6 bilhões de lucro.

Uma performance, contudo, que custou caro para os clientes e trabalhadores do setor. Ao contrário do que divulgam em suas campanhas publicitárias, o setor que mais lucra no país manteve a alta dos juros e tarifas, aumentou as metas dos trabalhadores, fechou cerca de 12 mil vagas de trabalho e reduziu mais de três mil agências, desde 2020, em todo o país.

“Para manter seus lucros bilionários, os bancos descumpriram um acordo de não demissão com o movimento sindical. E somente os quatro maiores bancos fecharam 12 mil postos de trabalho nos últimos dois anos. O resultado são agências lotadas, trabalhadores adoecidos e a população sem atendimento adequado. Já são 12,4 milhões de desempregados no país e o setor mais lucrativo contribui para o aumento desses números”, destaca Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.

“Os bancos são uma concessão pública e têm um papel social importante no crescimento de um país. É importante que as instituições financeiras, responsáveis por cuidar do dinheiro da população, sejam um instrumento para o desenvolvimento econômico e não para fragilizar ainda mais a economia”, completou.

O Itaú, por exemplo, anunciou a abertura de um Programa de Desligamento Voluntário (PDV). “Não há justificativa para a redução dos postos de trabalho no setor. No Itaú Unibanco, os lucros foram equivalentes a mais de duas vezes e meia o gasto com pessoal. Somente o valor arrecadado com as tarifas, o banco consegue pagar toda a sua folha de pagamento e ainda sobram R$ 18,4 bilhões. No ano passado, o banco ampliou a sua base de clientes em 7,9%. A quantidade de trabalhadores, no entanto, aumentou apenas 4,1%”, destacou Ivone Silva.

As receitas cresceram em função da elevação dos juros e das tarifas bancárias. Mas o lucro dos bancos também foi graças ao aumento da exploração dos trabalhadores do setor. Os quatro maiores bancos já reduziram 11. 983 postos de trabalho e 3.180 agências fechadas, desde 2020. A Caixa Econômica ainda não divulgou seus resultados.

Confira a situação por instituição:

Banco do Brasil – O BB, por exemplo, fechou 7.076 postos de trabalho em 2021, seguindo a trajetória de redução de empregos verificada nos últimos anos. Desde 2020 já são 8.593 vagas extintas.

Bradesco – Em dois anos, o Bradesco foi o campeão em redução de postos de trabalho. Desde 2020, extinguiu 10.055 vagas, no período, apesar dos R$ 26 bi de lucro somente em 2021.

Os trabalhadores denunciam sobrecarga de trabalho, aumento da exploração e piora no atendimento ao cliente. Apenas com o que arrecada com tarifas, a instituição cobre 128,7% de sua folha de pagamento, incluindo a PLR.

Santander – O banco espanhol foi o primeiro a apresentar seus resultados. O lucro líquido de R$ 16,3 bilhões representou alta de 7% em relação a 2020. Não por acaso, as operações brasileiras respondem por 26,9% do lucro global da instituição. O banco abriu cerca de 4,2 mil postos de trabalho no ano passado, contra a eliminação de 3,2 mil postos em 2020. A maior parte dos novos trabalhadores, no entanto, não são de bancários, mas funcionários terceirizados. Assim, as despesas com pessoal, incluída a PLR, cresceram apenas 1,7% no período.

 

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