Doadores são homenageados nos 20 anos da Central de Transplantes

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Quem é você que não tem, mas me deu vida?/ Quem é você que aliviou a minha dor?/ Quem é você que o meu mundo mudou?”. Os versos da música de autoria da transplantada renal Helena Faustino são de gratidão aos doadores de órgãos e tecidos. Homenagens e agradecimentos foram os gestos unânimes durante a solenidade de comemoração dos 20 anos da Central Estadual de Transplantes do Ceará, na manhã de quinta-feira, 28 de junho, no Auditório Waldir Arcoverde, da Secretaria da Saúde do Ceará.  Helena, que passou por transplante renal há 13 anos, cantou duas músicas de sua autoria.


A gratidão também foi manifestada durante o Toque de Silêncio executado pelo 2º tenente do Corpo de Bombeiros Erivaldo Almeida da Silva e nas falas do primeiro transplantado cardíaco do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes e retransplantado no mesmo hospital, Antônio Pereira Moura, da coordenadora da Central de Transplantes, Eliana Régia Barbosa, do secretário adjunto e da secretária-executiva da Saúde do Ceará, Marcos Gadelha e Lilian Beltrão. Ao longo desses 20 anos, foram realizados 17.638 transplantes no Ceará.


Antônio, que hoje vive com o terceiro coração, está bem de saúde e orienta outros transplantados. O que eu digo para eles? Cuidem da vida igual eu cuidei. Confio muito nessa grande equipe que até hoje está me acompanhando, entre enfermeiros e médicos. Digo para eles nunca me abandonarem, diz após 19 anos do primeiro transplante.


Ao ressaltar “o momento de muita alegria”, Eliana Barbosa destacou os 20 anos de muitas conquistas para salvar vidas de muitos cearenses e de muitos brasileiros. A Central de Transplantes conquistou credibilidade e hoje somos referência nacional em doação e transplante, observou ela. Marcos Gadelha disse que o processo de doação e transplante “é uma atividade bastante complexa”, ressaltou a importância do trabalho multidisciplinar e reconheceu a resposta da população às campanhas de doação de órgãos e tecidos. “A sociedade tem respondido a essa sensibilização”, admitiu. Lilian Beltrão também fez esse reconhecimento ao afirmar que “a nossa população é muito solidária, mas queremos mais”.


Instituições parceiras da Central de Transplantes, entre hospitais transplantadores, unidades notificantes de potenciais doadores, órgãos de governo, entre outros, receberam certificado de reconhecimento do Governo do Ceará pela “relevante contribuição” para a consolidação da posição de destaque do Ceará no Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Em mensagem à Central de Transplantes, o reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Henry de Holanda Campos, consignouadmiração pelo trabalho que se realiza, em nosso Estado, na área de transplantes, um feito que realça não apenas pelas invejáveis estatísticas, mas também pelo nível dos nossos profissionais. A UFC se sente orgulhosa por participar desse esforço e segue pronta para contribuir, cada vez mais, consolidando a posição do Ceará no ranking nacional de transplantes de órgãos e tecidos.


O Brasil tem hoje o maior sistema público de transplantes do mundo, no qual a maioria dos procedimentos e cirurgias são feitos com recursos públicos. O Estado do Ceará, anualmente, fica entre os estados que mais realizam transplantes de órgãos no país, com recordes sucessivos e conta com 62 hospitais notificantes entre públicos, privados e filantrópicos, cadastrados no Sistema Nacional de Transplantes/Ministério da Saúde.

Doações


No primeiro trimestre de 2018, o Ceará reconquistou o terceiro lugar no Brasil em número de doadores por milhão da população (pmp), de acordo com relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Com 29,7 doadores pmp, o Ceará está acima da média nacional no período, de 16,2 doadores pmp de janeiro a março de 2018. A meta da Central de Transplantes é aumentar em pelo menos um doador por milhão da população a cada ano. O relatório da ABTO aponta que nacionalmente a meta é de 18,0 doadores pmp para o ano de 2018.



Em termos nacionais, o Ceará se destacou no primeiro trimestre deste ano principalmente em transplante de fígado, com crescimento de 28,3% em relação aos três primeiros meses do ano passado. O estado foi o segundo que mais fez esse tipo de cirurgia por milhão da população no período analisado. Houve ainda crescimento de 18,75% dos transplantes de rins realizados no Ceará de janeiro a março de 2018, comparado a igual intervalo de tempo do ano passado.


No ano passado, o Ceará foi o terceiro do país no percentual de efetivação de doadores em relação ao número de notificações potenciais doadores, com a efetivação de 209 doadores, 38,77% de 593 notificações. Hoje o Estado possui o quarto maior percentual de doadores de múltiplos órgãos no Brasil, segundo o relatório mais recente da ABTO. Isso tem a ver com o resultado da atuação das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTTs), que ajudam a manter uma melhor conservação dos potenciais doadores, e das equipes transplantadoras, que colaboram para obter um índice de aproveitamento maior dos órgãos para transplante. Atualmente existem 18 CIHDOTTs instituídas em unidades hospitalares e mais 23 unidades de saúde que notificam potenciais doadores.

Curso


Para atender as novas normas para o diagnóstico de morte encefálica, estabelecidas pela Resolução 2.173 do Conselho Federal de Medicina (CFM), de dezembro de 2017, a Central de Transplante realiza nesta sexta-feira, 29 de junho, o Curso de Capacitação de Determinação de Morte Encefálica, das 8 às 18 horas, na Escola Cearense de Emergências Médicas, em Fortaleza, para qualificar 32 médicos no diagnóstico da morte cerebral.


A partir da Resolução do CFM, além do neurologista, outros especialistas como médico intensivista, neurocirurgião ou médico de emergência, poderão diagnosticar o fim da atividade cerebral do paciente. A mudança nos procedimentos tem impacto no processo de doação e transplante de órgãos, que só pode ser iniciado depois do consentimento da família e da confirmação da morte cerebral do paciente a partir da realização de vários exames. Para constatar a morte cerebral, dois médicos diferentes devem realizar o exame clínico, teste de apneia e exames complementares.


A redução do número de transplantes no Ceará em 2017 está relacionada ao atendimento de praticamente toda a demanda por transplante de córnea no Estado em 2016, quando o Ministério da Saúde declarou que o Ceará tinha “fila zero” para esse tipo de cirurgia. Os transplantes de córnea superaram 60% do total de transplantes nos dois últimos anos.


(Assessoria de Comunicação da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará)