Ao longo da história, os negros não foram tratados com respeito, passando por grandes sofrimentos. Pelo contrário, foram escravizados para prestar serviços pesados aos homens brancos, tendo que viver em condições desumanas, amontoados dentro de senzalas.
Durante muito tempo, os livros didáticos só trataram da princesa Isabel e de seu feito de abolir a escravatura. O papel dos escravos negros nessa história era diminuído. Dizia-se que a abolição tinha sido um presente da princesa Isabel aos negros, que nunca teriam lutado contra a escravidão. A verdade, como comprovam documentos históricos, é outra.
Os negros nunca aceitaram passivamente a escravidão. Havia muitas formas de revoltas coletiva e individual. Muitos escravos quebraram ferramentas de trabalho e incendiaram as senzalas onde moravam. Outros preferiram suicidar-se – em geral, comendo terra – ou então, se entregar ao banzo – uma tristeza imensa que os deixava sem comer e levava à morte por inanição. Mas a fuga foi a forma mais comum de enfrentar a escravidão. Milhares de escravos se arriscaram a fugir durante todo o período da escravidão, apesar de saberem dos terríveis castigos que sofriam ao ser capturados – eram açoitados em praças públicas, nos pelourinhos; dependurados em paus-de-arara e espancados, entre outros terríveis castigos.
Os quilombos
Escondendo-se nas matas, os escravizados fugidos fundaram seus quilombos (“povoação”, na língua banto), que se espalharam do Amazonas ao Rio Grande do Sul. Alguns chegaram a ter milhares de habitantes.
O maior e mais importante deles, o Quilombo de Palmares, onde nasceu o líder Zumbi, conseguiu sobreviver por quase um século.
O Quilombo dos Palmares ficava na região do atual Estado de Alagoas e chegou a reunir cerca de 30 mil pessoas. Ele começou a ser formado no final de 1590 e resistiu aos ataques dos holandeses, luso-brasileiros e bandeirantes paulistas até 1694, quando foi destruído pelo bandeirante Domingos Jorge Velho. Milhares de negros morreram e cerca de 500 foram capturados e vendidos na Capitania de Pernambuco.
Zumbi, o último líder de Palmares, conseguiu escapar, mas foi capturado e morto no ano seguinte, em 1695. A data de sua morte – 20 de novembro – é comemorada hoje como o Dia da Consciência Negra em todo o Brasil. Esta data, e não a da Lei Áurea, é a que tem maior representatividade para alguns afro-brasileiros.